Engenheiro Recém-Formado: A Carta Que Mudou Minha Vida e Pode Mudar a Sua

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Quero compartilhar com vocês uma carta que li e que mudou muito a minha visão a respeito de um engenheiro recém-formado, logo, a respeito de mim mesmo quando eu havia acabado de me formar.

Meu senso de autovalor estava abalado, pois não conseguia trabalhar na minha profissão. Até que um dia, li uma carta durante esse período nebuloso da minha vida profissional me ajudou muito. 

Ela me deu um norte quando eu procurava desesperadamente por vagas em todos os sites de emprego possíveis, quando eu não obtinha nenhuma resposta e ficava com medo de não conseguir trabalhar na minha área. Eu achava que o problema era justamente porque eu era um engenheiro recém-formado, mas eu descobri que não era isso.

Antes, deixe-me contar um pouco da minha história. Havia mais de um ano que eu estava distribuindo currículos, sem nenhuma perspectiva.  Eu não queria abrir mão da engenharia, afinal investi cinco anos da minha vida nela.

Eu sabia que podia trabalhar como autônomo, mas os clientes nunca chegavam, e os poucos que apareciam não me contratavam após a apresentação do orçamento. Estava muito difícil continuar.

Já havia pensado e até estudado para alguns concursos públicos, mas este não era o meu sonho. Não foi por isso que eu me formei, para ter um emprego estável em uma carreira pública. Não julgo quem escolhe este caminho, de modo algum, mas reconheço que esta carreira não tem nada a ver com o meu perfil.

concursos de engenharia
Minha vida de concurseiro não durou muito

Desisti dos concursos após 6 meses de estudos intensos e  após quase passar em uma vaga. Resolvi que iria planejar minha carreira, iria investir em conhecimentos que seriam mais úteis para mim.

Comecei a pesquisar sobre carreira, sobre a minha área, e em uma destas buscas eu conheci o site do Ênio Padilha e li a carta que ele escreveu para um de seus leitores. Li a carta e senti que era aquilo que eu tinha que fazer. Tudo o que ele falou serviu pra mim.

A seguir, a carta na íntegra:

 

Carta a um Engenheiro Recém-formado

 

“Prezado colega, Engenheiro Recém-Formado,

 

 O senhor me mandou um e-mail, pedindo que eu lhe desse algumas dicas. Alguns (desculpe a pretensão) conselhos, para aplicação ao seu início de carreira profissional.

 Agradeço pela honra. E não vou me fazer de rogado.

Tenho, sim, meia dúzia de recomendações que imagino possam lhe ser úteis. Aqui vão elas:

 

Um: esqueça os livros de engenharia, doutor

aprender cálculo

Isso mesmo: chega de matemática, física, química, eletricidade, estruturas, cálculos, análises científicas… Não acredite nessa tolice de que engenheiro recém-formado não sabe nada, é despreparado e que só vai fazer bobagem.

Tudo o que o senhor precisa saber para iniciar a sua carreira profissional o senhor, provavelmente, já sabe.

Além do mais, se o senhor não aprendeu em 11 ou doze anos de ensino fundamental e ensino médio mais os 5 anos da faculdade… um mês ou um ano, um livro ou dez livros a mais não vão fazer grande diferença.

 

Dois: continue estudando, como sempre

empreender na engenharia

Apenas mude o tema. Nesse momento, o que o senhor precisa é aprender como transformar engenharia em um negócio (um bom negócio).

O senhor precisa aprender coisas sobre o mercado. Precisa aprender coisas sobre clientes, fornecedores, empregados.

Precisa fazer cursos e ler livros sobre Noções Gerais de Direito, Contabilidade Empresarial, Legislação Trabalhista, Relações Interpessoais no Trabalho, Liderança, Oratória, Comunicação Escrita, Comunicação Verbal e, principalmente, Comunicação Não-Verbal.

 

 

 

 Três: faça um Plano (simples) de Marketing para o seu negócio

marketing na engenharia

Decida claramente as suas políticas de mercado:

  • a política de produto (o que vai ser vendido, com que nível de qualidade…),

 

  • a política de Preços (quanto vai custar, se existe ou não negociação de preços, critérios para descontos, condições de pagamento…),

 

  • a política de Disponibilização (região geográfica a ser atendida, forma de distribuição do produto, canais de acesso do cliente à empresa…),

 

  • a política de Pessoal (treinamento, autonomia, cargos e funções, horários de trabalho…),

 

  • a política de Procedimentos (como as coisas são feitas, sistematização para a qualidade permanente, manuais internos…),

 

  • a política de Parcerias (com quem, pra quê, o que buscar nos parceiros, o que oferecer aos parceiros…)

 

  • e muitas outras políticas que têm como objetivos viabilizar a relação produtiva entre o seu negócio e seu mercado.

 

Aí (voltando ao item “um”) quando o seu negócio já estiver bem equilibrado ( isso leva uns dois anos, mais ou menos) o senhor já pode voltar aos livros de engenharia. Afinal de contas, quem é engenheiro (como nós) sabe que nós não suportamos ficar muito tempo longe desses livros. É o nosso vício. Fazer o quê.

 

Quatro: vista-se bem, doutor

vestir bem escritório

O mundo trata melhor quem se veste bem (como já disse, certa vez o ator e diretor de cinema Charles Chaplin). Cuide do Cabelo, mantenha a barba sempre bem feita, o carro limpo (sim, o carro).

No Brasil o automóvel é considerado uma extensão do seu proprietário e muita coisa é atribuída a uma pessoa avaliando-se o seu carro).

Na nossa profissão precisamos impor um certo respeito. E a indumentária é um recurso de grande efeito. Esqueça o velho tênis surrado de guerra, a calça jeans, as camisetas com inscrições engraçadinhas…

Isso não quer dizer que o senhor precisa andar de terno e gravata todo o tempo. Se o senhor quer uma referência vou sugerir uma: vista-se tão bem quanto o mais bem vestido dos seus potenciais clientes.

 

Cinco: procure uma entidade de classe (associação, clube, grêmio…) e seja um associado participante e ativo

crea

 O senhor matará três coelhos com uma única cajadada.

(1) contribuirá para o desenvolvimento da profissão;

(2) desenvolverá uma excelente atividade social, fará ótimos amigos, talvez até uma boa rede de relacionamentos profissionais; e

(3) será visto, pela sociedade (leia-se “mercado”) como um bom profissional, reconhecido entre os seus pares. E isso é muito bom. Bom para a vida e bom para os negócios.

 

 

Seis: aceite, doutor, sem frescuras e sem discursos de falsa modéstia, o tratamento respeitoso que eu utilizei nesta carta e que os seus clientes, fornecedores e subordinados querem dispensar ao senhor

engenheiro recém-formado

Permita que essas pessoas o tratem por senhor, doutor, ou qualquer outra coisa do gênero. Não é preciso ser pedante e exigir que o chamem por doutor ou coisa assim.

Mas não pense que a sua pouca idade não o torna digno do respeito de muita gente inclusive bem mais velha que o senhor. O seu conhecimento e a sua capacidade intelectual estão acima da sua juventude.

Jamais se menospreze e ninguém irá menosprezá-lo.”

 

Ênio Padilha

 

Não se esqueça que não é porque você é um engenheiro recém-formado que você tem pouco valor para o mercado de trabalho. O valor é você que dá a si mesmo, e com suas atitudes, conquista a credibilidade dos outros.

Depois que implementei esses conselhos em minha vida e parti para a ação, descobri no empreendedorismo a minha paixão. Cada um tem um perfil e sei que nem todos vão empreender.

O importante é você se conhecer, saber qual caminho seguir (empreender, concurso, trabalhar em empresa) e partir para ação! 

 

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P.S.: Esta carta inspirou o autor a escrever um livro, o Manual do Engenheiro Recém-Formado

 

 

Gostou da carta? Espero que ela seja útil pra você como foi pra mim. Não esconda o ouro, e compartilhe esse post com seus amigos. 😉